E tem mais: "Um dia", o décimo livro da lista, logo, logo também entra para a patota, já que em agosto será lançada sua versão cinematográfica, trazendo o casalzinho Anne Hathaway e Jim Sturgess como protagonista. Outros dois volumes desse ranking pertencem à série "Crônicas de gelo e fogo", que se tornou um seriado da HBO. E é bem provável que as obras que completam esse Top 10, "A cabana" e "Questões do coração", tenham o mesmo destino: a tela.
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Um dos caras que dominam a arte da literatura pronta para o cinema - ou, melhor dizendo, "o" cara - se chama Nicholas Sparks. A tal lista dos dez livros mais vendidos no país tem quatro títulos dele. Aí incluído o primeiro colocado, "Um amor para recordar", lançado por aqui há apenas um mês, já com mais de cinco milhões de exemplares comprados no mundo. Ele deixa claro que a exposição dada pelo cinema é a alma do seu negócio.
- As pessoas veem mais filmes do que leem livros. E duvido que isso vá mudar. Sendo assim, adaptações beneficiam um autor, pois mais pessoas entram em contato com seu trabalho, e algumas delas eventualmente compram o livro. Geralmente, isso é o suficiente para um título acabar na lista de best-sellers - analisa Sparks (leia a entrevista completa com o autor na página 10).
O apelo desses rostinhos bonitos dá força ao empurrão que o cinema costuma representar nas vendas de qualquer livro. Um fenômeno que a história comprova. Quando "Bilionários por acaso" (livro que inspirou o filme "A rede social") chegou ao Brasil, em 2010, foram vendidas seis mil cópias em um mês. Três meses depois, após a entrada do filme no circuito, o número pulou para 19 mil. Mesmo a série "Crepúsculo", que já era uma febre literária, foi catapultada pelo furacão Robert Pattinson + Kristen Stewart. O primeiro volume teve 11 mil cópias vendidas ao ser lançado por aqui. E 91 mil após a estreia do filme, em 2008.
- A dobradinha "livro-filme" puxa o jovem para o consumo de ambos. Se você assiste a um filme legal, acaba querendo ler o livro, e o contrário também acontece. A segunda maior bilheteria de "Percy Jackson" no mundo foi a brasileira. Isso porque o país já tinha uma base de fãs do livro - observa Jorge Oakim, diretor da editora Intrínseca, que publica as séries "Crepúsculo" e "Percy Jackson" por aqui.
- Não vendi muitos livros, porque no Brasil isso é difícil, mas meu nome ficou conhecido. É engraçado porque as pessoas se interessam mais por adaptar meus romances do que minhas HQs, que já são visuais. A prosa é mais levada a sério - diz Lourenço, que acaba de vender os direitos do seu "Jesus Kid" ao ator Sérgio Marone, que vai transformá-lo em filme.
Mas não é qualquer bom livro que origina um campeão de bilheterias mundo afora. A carioca Ana Luiza Beraba tem um firma especializada em caçar livros brasileiros com potencial para a telona, a Film 2B, e vive em busca de novos talentos literários.
- O livro já precisa ter uma interseção com o cinema. O importante é uma história forte e que cause impacto. O leitor precisa imaginar a história de forma visual - afirma a expert, ressaltando que o mercado audiovisual brasileiro anseia por autores desse tipo.
Tomás Pereira, da editora Sextante, que publicou "O código Da Vinci e "Água para elefantes", concorda:
- Um livro geralmente só vira filme se for extraordinário, pois significa um imenso investimento. Ou seja, já é preciso partir de uma história com forte apelo de público.
Grandes clássicos do cinema, como "O poderoso chefão", de 1972, e "A última sessão de cinema", de 1971, vieram de romances. De lá para cá, a relação entre editoras e estúdios só ganhou força. Hoje, ao que parece, muitos livros precisam das telas para vender bem. Mais do que nunca, é necessário ver para crer.
LEITORES DE CINEMAPara muita gente, saber o fim da história não acaba com a graça do livro.
- Depois de ver o filme, fico curiosa para saber os detalhes. Todos os livros deveriam ter uma adaptação - empolga-se Amanda Salomão, de 17 anos, que assistiu ao filme "A morte e vida de Charlie" por causa do galã Zac Efron, e só leu o romance depois.
Já Fernanda Lima, de 24 anos, formada em Letras, viu o trailer de "Água para elefantes" e, fã de Robert Pattinson, comprou o livro antes de o longa estrear. Recentemente, ela também descobriu que um filme que adora, "Um amor para recordar", com Mandy Moore, veio de um romance de Nicholas Sparks.
Guilherme Cepeda, dono do blog literário Burnbook.com.br, achou legal a estratégia dos autores de "A garota da capa vermelha": o final da história só foi revelado no filme.
- No início, fiquei com raiva. Tive que esperar para matar a curiosidade. Depois, achei legal construir minha versão - diz o estudante de 18 anos, que leu "A morte e vida de Charlie St. Cloud" e "Bilionários por acaso" após ver os respectivos filmes.
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